sábado, 4 de maio de 2013

RECORDANDO O ENCALHE DO NAVIO-MOTOR PANAMIANO “PANDA STAR” NA PRAIA DE SANTO ANDRÉ, PÓVOA DE VARZIM


O PANDA STAR atravessado á praia de Santo André


O PANDA STAR varado na praia de Santo André

09/08/1979 - A praia de Santo André, nos limites das freguesias contiguas de Aver-o-Mar e Aguçadoura, local de grande vocação turística, foi ontem local de visitas para uns (mirones) e de grandes preocupações para outros (as autoridades marítimas),     
Cerca das 4 horas da madrugada, e por motivos que se desconhecem, a que não deve ser estranho o denso nevoeiro que cobriu a costa. O navio-motor PANDA STAR, sob bandeira Panamiana, mas de armador Inglês, com 61,4m/424tb, encalhou nas areias daquela praia, ficando totalmente atravessado.
Dado o alerta, foram solicitados os socorros dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, que por não disporem de material de socorros a náufragos, não chegaram a sair, cabendo aos seus congéneres de Esposende montar um cabo de vaivém com cesta de salvação. Igualmente se deslocaram o capitão do porto e o comandante da guarda-fiscal desta cidade, capitão-tenente Vidigal Aragão e tenente Alves Pereira, com alguns subordinados que actuaram de conformidade com a situação do navio.
A tripulação do navio é constituída por três Portugueses, dois Cabo-Verdianos, um Espanhol, um Tanzaniano (maquinista), um oficial e o comandante Ingleses. A bordo viaja ainda a esposa do comandante.
O navio na maré vaza, ficou com fácil acesso desde o areal da praia, por escada de quebra-costas, tendo por ela saído os tripulantes Portugueses José Fernando Gomes da Silva, Zacarias Gomes Bastos e seu sobrinho Fernando Cação Gomes Bastos, todos de Matosinhos, que, cerca das 11 horas, se dirigiram à estalagem de Santo André para fazerem telefonemas, regressando a bordo. Pouco depois o José Fernando e o Fernando Cação, acompanhados do Cabo-Verdiano Vitorino Fortes e do Espanhol Manuel Piñero Ribas, munidos das suas malas abandonaram o navio e disseram que aguardariam o navio em Leixões, se conseguisse safar-se da areia. Caso contrário, procurariam outro local de trabalho. O José Fernandes era a primeira vez que embarcava no PANDA STAR.
O capitão do porto ouviu o comandante do navio, que declarou ter a bordo 900 toneladas de madeira, em toros, 40 toneladas de gasóleo nos tanques do combustível, ter saído de Vila Garcia e dirigia-se à Argélia.
Recusou auxílio de rebocadores, informando que iria tentar safar o seu navio pelos próprios meios, na maré cheia, portanto entre as 15 e as 16 horas.
Confirmando as previsões dos pescadores de Aguçadoura, a tentativa não surtiu efeito, pese embora todos os esforços da tripulação que restou. Os motores foram postos a funcionar em marcha à ré, para tirar o navio do banco de areia, quando já estava totalmente a flutuar, mas sem êxito.
Entretanto os Voluntários de Esposende montaram preventivamente os lança foguetões para a hipótese do navio se afastar e bater nos rochedos que o ladeavam à proa e à ré. Refira-se que os pescadores Aguçadourenses sublinhavam a sorte do comandante do navio, de ter entrado pelo “buraco da agulha”, o canal como lhe chamam, a uma nesga de mar de escassos cem metros de largura, entre maciços e penedia.
As autoridades presentes receavam que, na tentativa de salvamento, o navio pudesse abrir rombo e derramar o gasóleo que transporta, se acaso batesse nas pedras. Daí a vigilância permanente do capitão do porto.
Ao fim da tarde, o comandante do barco, em face do fracasso da tentativa feita pelos eus próprios meios, acedeu à intervenção de rebocadores em próximas tentativas.

HOJE DE TARDE NOVA TENTATIVA DE DESENCALHE

Para tanto, estarão hoje reunidos, às 9 horas da manhã, com o comandante do navio, o capitão do porto da Póvoa, um representante do armador, a empresa Cotandre, do Porto, um mestre de rebocadores e um oficial da APDL.
Só desta reunião será decidido a forma como irá ser feita nova tentativa de desencalhe, o que virá a ter lugar, em caso de se ter que fazer na preia-mar às 16h30,
Entretanto, o navio está já a ser aliviado de parte da carga, a que se encontrava no convés, cerca de 2.500 toneladas de toros de madeira de razoável porte, pelo que foi feito aviso à navegação desse facto.
Porque é lícito recear ser provável arrombamento de fundos, foi solicitada ao comandante dos Sapadores Bombeiros do Porto para procederem à trasfega das quarenta toneladas de gasóleo que se encontra ainda nos tanques, para evitar risco de poluição das praias da costa poveira.
A Camara Municipal com a defesa das suas praias, mobilizou todos os meios, que ali chegara vindo do sul para norte. Também naquela tarde teriam sido vistas sair grandes nuvens de fumo negro de bordo. Outras testemunhas afirmam que, já depois da meia-noite, o navio, iluminado, mantinha a proximidade da costa.
Entretanto, um outro barco, um butaneiro, mantem-se estacionado ao largo, desde a madrugada, desconhecendo-se os motivos.
Enfim, há assunto de sobra para as autoridades averiguarem.

ENCALHADO EM AVER-O-MAR HÁ 25 DIAS
LONGO TRABALHO DE ESPECIALISTAS CONSEGUE POR A SALVO O “PANDA STAR”

O PANDA STAR já a salvo no porto de Leixões


O capitão A. Christiaans, técnico da W. Wijsmuller B. V., de Ijmuiden

04/09/1979 – Eram 4,30 horas da tarde de ontem quando o navio Panamiano PANDA STAR entrou no porto de Leixões, depois de ter conseguido “safar-se das areias” da praia da Aguçadoura na Povoa de Varzim, onde encalhara na madrugada do dia 8 do mês passado. Tendo acostado ao cais novo de contentores, o navio esperará agora que a Capitania lhe faça uma vistoria ao casco, passando-lhe o respectivo certificado de segurança, seguindo tão cedo quanto possa, o seu destino.
A “história do PANDA STAR”, propriedade de um armador Inglês, que tem os seus navios, sob bandeira de conveniência do Panamá, começou quando os habitantes das freguesias de Aver-o-Mar e Aguçadoura viram sair do denso nevoeiro que fazia na referida madrugada do dia 8 de Agosto passado, um enorme navio que iria encalhar na areia, paralelamente à praia. Os motivos deste acidente, mais um dos muitos, que tem feito das costas Nortenhas um verdadeiro cemitério de embarcações, não se conseguiram apurar, sendo porém provável que se tenha devido exactamente ao denso nevoeiro que se fazia sentir.
Depois de repetidas tentativas falhadas de desencalhar o navio, com o auxílio das marés grandes, o proprietário do navio fez um acordo com a empresa Holandesa Wijsmuller B. V., de Ijmuiden, especialista nestas operações, e representada em Portugal pela agencia de navegação Jervell & Knudsen, segundo a qual o proprietário só pagaria a tentativa de desencalhar o navio caso esta resultasse, ou seja em termos marítimos internacionais “no cure no pay”.
Foi assim que há cerca de 15 dias o capitão A. Christiaans tomou conta do PANDA STAR com a missão de o retirar da praia da Aguçadoura onde parecia estar de “pedra e cal”.

NINGUÉM AGUARDAVA QUE O SALVAMENTO DO NAVIO FOSSE POSSÍVEL

E foi exactamente com o capitão A. Christiaans que a nossa reportagem falou, depois de termos conseguido entrar a bordo do PANDA STAR, ainda as manobras de acostagem não tinham terminado. Visivelmente satisfeito, e num Inglês cuja pronúncia, possivelmente Flamenga tornava de difícil entendimento, este especialista da Wijsmuller B. V. em operações de desencalhe, começaria por nos dizer que “ninguém da Póvoa acreditava que fosse possível salvar o navio”, mas que a operação correu maravilhosamente, não tendo sido causado ao navio qualquer dano.
O processo usado – explicar-nos-ia o capitão A. Christiaans – foi o de o retirar com “buldozzers” a areia junto ao navio que, como iniciamos por dizer, se encontrava paralelo à praia e a ela encostado, imobilizado com um ferro preso ao largo e ligada por um cabo de 990 metros. Isto, evidentemente, depois de ter sido retirada a carga que levava, toros de madeira, assim como quase esvaziadas as reservas de combustível.
E, assim, retirada a areia possível, o navio esperou as marés grandes que se costumam fazer sentir com mais força exactamente nos princípios do corrente mês de Setembro. Na manhã de ontem, com a maré viva, o barco começou a fugir para sul, da parte da ré, de forma que, mal a hélice pode trabalhar, o navio saiu mesmo de ré, fazendo então uma difícil manobra entre os bancos de areia donde tinha saído e os rochedos que mais ao largo abundavam, conseguindo sair de proa sem ter tocado em nenhum.

HÁ MAIS DE DEZ ANOS QUE NENHUM BARCO ENCALHADO NA COSTA NORTENHA CONSEGUIA SAFAR-SE

Esta operação de salvamento constituiu realmente uma verdadeira vitória, tanto mais que, para além de possíveis prejuízos de poluição que evitou, foi a primeira vez que, pelo menos nestes últimos dez anos, um navio encalhado na costa Portuguesa a norte de Espinho conseguir safar-se.
O capitão A. Christiaans, como dissemos o responsável por esta proeza, haveria também, de agradecer o precioso auxílio da empresa Portuguesa Ferrinha, de Leça da Palmeira, que acompanhou toda a operação, assim como ao proprietário da estalagem de Santo André, que forneceu à tripulação água potável e a quem lavou a respectiva roupa.
Sobre o preço porque terá ficado ao armador proprietário do PANDA STAR toda esta bem sucedida operação de salvamento, o capitão A. Christiaans dir-nos-ia ser um técnico que não sabe nada dessas coisas de dinheiro, sendo no entanto de esperar que, pelo tipo de contrato estabelecido, a verba a receber pela empresa Wijsmuller B. V. não seja pequena, tanto mais que o navio se encontra na mesma como quando encalhou.

PANDA STAR – imo 6411550/ 61,4m/ 424tb/ 11nós; 29/02/1964 entregue por J. J. Sietas KG Schiffswerft GmbH u. Co., Neunfelder, as LEDA a Werner Wartels, Hamburg; 1975 EXXOIL ONE, Panda Navigation, Ltd., Londres; 1977 PANDA STAR, Panda Star, Ltd, Londres; 1980 PANDA STAR, Yaltex maritime Inc, Panama; 1981 CEDRA, Panamá; 1981 CEDRA SUN, Orkney Ltd, Gibraltar; 1983 MILLE, Charleston Ltd, Gibraltar; 1986 KAMILLA HOPE, Hagersville, Ltd, Gibraltar; 1996 BASSER R, Siria; 2001 AHMED M, Siria; 2004 LADY DIANA, Siria; 05/12/2004 chegava a Alang para desmantelamento em sucata.  
Fontes: Jornal “O Comércio do Porto” – M.A.S.; Miramar Ship Index
Imagens: Jornal “O Comércio do Porto”
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s) em NAVIOS Á VISTA, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on NAVIOS Á VISTA, which will be very much appreciated.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

UM NAVIO CHEIO DE AZARES





Navio-motor Polaco DZIERZYNSKI/ imo 5611420/ 170m/ 12.636tb/ 2 hélices/ 17,5 nós; 30/12/1939 lançado á água pelo estaleiro Burmeister and Wain Maskin and Skibsbygerri, Capenhaga, como ADELAIDE STAR (1) por encomenda da Blue Star Line, Ltd, Londres, e entretanto tomado pelos Alemães; 06/11/1940 entregue pelo mesmo estaleiro como SEEBURG e disponibilizado à companhia Hamburg America Line, Hamburgo, tendo sido empregue como navio depósito para submarinos; 19/11/1940 quando se encontrava em Gotenhafen (actual Gdynia) utilizado como navio de apoio a submarinos e de prática de tiro ao alvo da 27ª flotilha de submarinos, a 02/12/1944 foi torpedeado pelo lancha torpedeira Soviética SC407N ao largo de Heistevnes, golfo de Danzig; 1952 posto a flutuar pelos Polacos, que o vararam numa praia de Gdynia; 1955 reparado pelos estaleiros de Gdynia e entregue à Polish Ocean Lines, que o rebaptizou de DZIERZYNSKI, e passou a operar no serviço do Extremo Oriente; 16/09/1963 enquanto em rota de Xangai, Antuérpia e Gdynia colidiu com o vapor Grego FOULI, 1948/ 56m/ 692tb, ao largo de Ouessant; Arribou a Brest para vistoria e reparações provisórias; À sua chegada a Flushing, foram realizadas novas reparações e uma válvula com defeito reparada também; Em Antuérpia o DZIERZYNSKI embateu no molhe de Badouin lock, o que causou que a válvula colapsasse e a casa das máquinas ficasse inundada, tendo sido de seguida encalhado em Lillo, e na maré vazante novo acidente surgiu na porão nº 1; 01/10/1963 foi posto de novo a flutuar e rebocado para Liefenshoek, onde encalhou novamente junto da bóia nº 92, tendo-se alquebrado em duas metades, e ficou condenado e as duas partes foram levadas para Antuérpia para demolição. Triste sorte do navio-motor DZIERZYNSKI, que em 1955 escalava Leixões.
Fontes: Blue Star on the Web, Miramar Ship Index.
Imagem: Photo purchased in the 60’s together with a substantial lot of ship’s photos from © A. Duncan, Gravesend, Kent – my collection.
Rui Amaro

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