sábado, 10 de maio de 2008

OS ARRASTÕES LATERAIS «INCAUTO» E «INCÓGNITO»


O arrastão lateral Panamiano INCAUTO amarrado em Massarelos.

Era uma longa família (de barcos de pesca) – cremos que onze, no total – e todos registados com nome a começar por «in» ou «im». Este da imagem, muito incautamente foi surpreendido pelo fotógrafo do jornal O Comércio do Porto a 08/09/1971. É o INCAUTO… Mas já lá esteve o INCÓGNITO (para não falar do INTRUSO, do IMPOSSIVEL, do INDÓMITO, e outros membros da família, dentre mais um arrastão e traineiras do cerco), que então, já rumara (via Aveiro) para os mares da Guiné Portuguesa. As mesmas águas, de fartos peixes, esperavam o barco.
Do resto – a habilidade da rede metálica – a «culpada» foi a Câmara Municipal do Porto, que só então iniciara os trabalhos do prolongamento da marginal, da Ponte da Arrábida até Massarelos. Incautamente, o INCAUTO, fora apanhado… na rede, ali no ancoradouro de Massarelos, rio Douro, onde muitas traineiras Espanholas, Belgas e até algumas Portuguesas, no passado longiquo, depois de detidas ao largo da costa pelas unidades da Armada Portuguesa da fiscalização das pescas, também lá ficaram amarradas.
Fonte: Jornal O Comércio do Porto

Os arrastões laterais INCAUTO e INCÓGNITO pertencentes a um importante armador da praça de Matosinhos, segundo parece arvoravam o pavilhão de conveniência Panamiano, em virtude das autoridades Portuguesas negarem o registo nacional, devido às duas embarcações terem sido adquiridas na União Soviética.
Segundo constava na altura, o pessoal que em Massarelos procedia aos fabricos, encontraram muita instalação radiotelefónica e eléctrica, além dos respectivos cabos, e não conseguíam perceber qual era a função desse material.
Acontece que aquele tipo de navios soviéticos, durante a chamada Guerra-Fria e não só, aparecia em todos os mares onde havia manobras navais de países ocidentais, particularmente da NATO e seus aliados, pois a sua classe era conhecida como a dos "navios de pesca espiões".
Rui Amaro

domingo, 4 de maio de 2008

A CORVETA NRP "AFONSO CERQUEIRA" NA BARRA DO PORTO DE VILA DO CONDE


A corveta NRP AFONSO CERQUEIRA /(c) autor desconhecido)/.

A fim de representar a Marinha de Guerra Portuguesa nas festas do Concelho de Vila do Conde em honra do seu padroeiro S. João, chegou nas vésperas dos festejos, que se realizaram nos dias 23 e 24 de Junho de 1979, à barra do rio Ave, a corveta NRP AFONSO CERQUEIRA, fazendo jus às tradições marítimas Vilacondenses.
Aquele vaso de guerra, cuja equipagem era composta de 3 oficiais, 1 sargento, 26 cadetes e 12 praças, fundeou o mais próximo da barra, diante da capela de Nossa Senhora da Guia, a pouca distancia do local onde a 21 de Outubro de 1911, sob fortíssimo temporal, se perdeu por encalhe o cruzador NRP SÃO RAPHAEL.
O NRP AFONSO CERQUEIRA recebeu a visita das autoridades locais, depois de uma troca de cumprimentos na Câmara Municipal e a tripulação passou a integrar-se nas festas concelhias.
Do acidente do NRP SÃO RAPHAEL, que originou a perda de um dos mais importantes navios de guerra Portugueses da altura, lamentou-se a morte de um criado de bordo, que fazia parte da sua tripulação de 183 almas. O resgate da tripulação em condições difíceis, deveu-se à abnegação e arrojo das tripulações dos salva-vidas de Leixões e da Póvoa de Varzim, sob as ordens do Patrão Aveiro e Patrão Lagoa, respectivamente.
Era um costume antigo, a Armada Portuguesa fazer-se representar por unidades navais em muitos dos festejos concelhios realizados em localidades costeiras, desde Caminha a Vila Real de Santo António e ilhas. E, estou-me a recordar que em Junho de 1946, entraram a barra do Douro, atracando ao cais da Estiva, Ribeira do Porto, o contratorpedeiro NRP DOURO, além dos submersíveis NRP GOLFINHO, NRP ESPADARTE e NRP DELFIM, a fim
de marcarem presença nas Festas da Cidade. em honra do S. João.
O NRP AFONSO CERQUEIRA (F488) é uma corveta pertencente à classe BAPTISTA DE ANDRADE, que foi construída nos estaleiros da Empresa Nacional Bazan de Costrucciones Navales Militares, Cartagena, tendo sido aumentado ao efectivo dos navios da Armada Nacional a 28 de Junho de 1975. Tem um deslocamento máximo de 1.380 tons, um comprimento ff de 84,59m e uma autonomia de 9.100 milhas à velocidade de 13,5 nós. Além do armamento para a sua classe, dispõe de uma plataforma para helicóptero e a sua lotação normal é de 107 elementos. O navio subiu o Tejo pela primeira vez em 24 de Julho de 1975 e teve como primeira missão uma comissão em Timor para onde saíu em 3 de Setembro de 1975. Entre 6 de Outubro e 8 de Dezembro de 1975 teve como base a ilha de Ataúro, tendo regressado a Lisboa pelo Pacifico e canal do Panamá, e completado uma viagem de circum-navegação no dia 11 de Março de 1976. Nesse ano ainda atravessou de novo o Atlântico para participar nas comemorações do Bicentenário da Independência dos Estados Unidos.
Esta classe de navios no passado foi dotada de requisitos de natureza anti-submarina, por forma a garantir a protecção de comboios contra ataques submarinos, mas hoje apenas dispõe de capacidade para fazer face às ameaças aéreas e de superfície.
Baseado em Lisboa, o NRP AFONSO CERQUEIRA tem vindo a participar em vários exercícios de âmbito nacional e internacional com outras unidades navais, bem como desempenhado diversas missões ao largo da Costa do Continente e nas áreas oceânicas dos Açores e Madeira, nomeadamente no âmbito da busca e salvamento, vigilância e fiscalização das águas territoriais e da Zona Económica Exclusiva. além de realizar diversas viagens de instrução com escalas em portos europeus e americanos.
Fonte: Imprensa diária Portuense e Revista da Armada Janeiro 1994.
Rui Amaro

O cruzador NRP SÃO RAPHAEL, encalhado diante da barra do rio Ave. /(c) postal ilustrado/.