quinta-feira, 19 de junho de 2008

« O BATELÃO-PONTÃO ALEMÃO "INGE" À DERIVA, ENCALHA NA RESTINGA DA FOZ DO CÁVADO »

Madrugada tempestuosa, navegava ao largo da costa Norte de Portugal, conduzido pelo rebocador Italiano IGLESIAS, o batelão/pontão Alemão INGE (referencias à popa INGE, SCHW-4 HAMBURG), com cerca de 70m, em rota de Hamburgo para a Líbia, quando a amarreta, que o ligava ao rebocador, devido ao mau tempo rebentou, ficando o INGE à deriva, sem luzes de navegação e como não possuía tripulação correu à mercê do mau tempo de Noroeste e desgovernado. por seu lado o rebocador tentou encontrar o rebocado, não tendo sido bem sucedido, o seu capitão alertou as autoridades marítimas Portuguesas, uma vez que a embarcação extraviada, tornava-se um enorme perigo para a navegação. Durante todo o dia seguinte, não tendo localizado o batelão/pontão, rumou ao porto de Peniche, a fim de se abrigar do temporal e aguardar eventuais notícias sobre o seu paradeiro, e ainda para lavrar na respectiva capitania o usual "Protesto de Mar".
Passados cerca de dois dias, 09/03/1975 foi o INGE avistado varado numa praia do lugar do Forcadinho, a sul da barra de Esposende, na restinga da foz do Cávado, diante da fatídica penedia localizada ao largo da costa, denominada de Cavalos de Fão, onde muitas embarcações se têm perdido. pelo pessoal em serviço ao farol de Esposende.
Já com o batelão varado na praia, subiram a bordo alguns pescadores locais, que conseguindo penetrar no seu interior, não encontraram viva alma e trataram de trazer para terra alguns objectos, entre os quais uma bóia de salvação, dois sofás e algumas caixas contendo lingotes de ferro, estes possivelmente servindo de lastro.
Note-se, que este tipo de embarcação, uma “work barge”, não possuia qualquer estrutura de importância relevante acima do convés, além de não vir lotada de tripulação. Apesar de encalhada e batida por ondulação de Noroeste, não foram detectadas quaisquer avarias de importância, salvo a borda da popa ligeiramente danificada, e muito possivelmente cruzou toda a penedia dos Cavalos de Fão sem que se detivesse encalhada, devido ao seu pouco calado de água.
Logo que foi dado o alerta deslocara-se para o local uma patrulha da GNR de Esposende, da Guarda Fiscal do posto de Ofir, Delegação Maritima e ainda os Bombeiros Voluntários de Esposende, com material de socorros a náufragos.
O rebocador IGLÉSIAS, IMO 7351006, 36m/365tb, construido em 1974 pelo Cantieri Navali Solimano, Savona; 25/10/1980 ELEANORA ONORATO; subsequente história ignorada: 13 tripulantes comandados pelo cap. Armando Spadola.
Alguns dias depois, foi o INGE retirado do local com o prestimoso auxílio de vários barcos de pesca locais, sendo conduzido até ao rebocador da APDL, que pairava ao largo, devido aos perigosos baixios ali existentes, que faziam perigar aquele rebocador. Passado o cabo de reboque foi o batelão/pontão trazido para o porto de Leixões, tendo ficado atracado a uma das pontes-cais do porto de pesca, e uma vez que o primeiro rebocador perdeu o contrato, ficou a aguardar um outro rebocador oceânico, também de nacionalidade italiana, a fim de o conduzir ao seu destino, tendo deixado o porto de Leixões alguns dias mais tarde.
Durante todo dia do encalhe e no dia da reflutuação, foram muitos os curiosos, como acontece em ocasiões destas, que se deslocaram ao local, a fim de presenciarem o inédito naufrágio, naquela zona costeira.
O INGE foi agenciado pela Vesselmar – Agencia de Navegação, Lda, grupo Garland, Laidley, da cidade do Porto e recordamo-nos do colega Manuel Spratley da Silva, que tomou a seu cargo este caso, em apenas um dia ter ido do Porto à Alfandega e à Capitania do porto de Viana do Castelo, assim como a Esposende mais de quatro vezes, devido às sempre exigentes burocracias.
Rui Amaro
Fonte: Imprensa Nacional
Desenho : Rui Amaro

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